ONE-NIGHT HERITAGE
PT / 2016
proposta de instalação para o concurso Alumia : há luz no centro histórico, na Rua da Vitória, Porto.
em colaboração com Mariana Marques da Silva
/
installation proposal for the Alumia contest: there is light in the historic center, at Rua da Vitória, Oporto.
in collaboration with Mariana Marques da Silva
E se em todas as ruas históricas nascessem letreiros de convite
à estadia efémera; se todos os edifícios históricos se tornassem exclusividade turística?
Entre "progressista" e "prejudicial", o polémico turismo balanceia-se nas opiniões sociais. Se, por um lado, o turismo oferece
novas oportunidades de trabalho, desenvolve diversos serviços como o da restauração e lazer, e promove a transformação
urbana; por outro, se não for desenvolvido comedidamente, poderá implicar uma perda de identidade, fomentar a
reabilitação dos edifícios sem a preocupação de se preservar o património e resultar no aumento do custo de vida, e assim
na incapacidade económica para usufruir dos centros históricos por parte dos autóctones, e na sua segregação.
Sob alegação da
requalificação e reabilitação do centro histórico degradado, do low cost ao luxo, a arquitectura serve este fenómeno silencioso
que se alimenta da alteração das dinâmicas locais para fins lúdicos e económicos, num processo de turistificação.
Contudo, não se deve defender nenhum dos pontos extremos, tal como diz o geógrafo Álvaro Domingues, "não podemos embarcar na sacralização do património nem nas teses neoliberais em que vale tudo".
Como forma de manifesto, apela-se à sensibilização para a contraproducente relação entre a vontade de expor ao visitante o tradicional, acomodando-o in situ, e a desvirtualização do local que se pretendia mostrar. Para tal, propôs-se a encenação da extremidade para a qual se teme encaminhar. Simula-se uma caricatura do
anseio de tornar atractiva uma rua habitada por moradores da região que correm o risco de ser substituídos por população de
estadia temporária.
Manifesta-se a defesa do direito colectivo à cidade e põe-se em questão a artificiosa intervenção que substitui moradores por prestadores de serviço, que privilegia o efémero.
Os letreiros formalizados em fita led de cores vibrantes são figuração do exotismo do convite ao entretenimento e plastificação que esta intervenção comporta. Luzes que causam desconforto, nos bombardeiam e revelam com controvérsia o que não se deve esquecer. Ilumina-se uma situação, cria-se um ambiente hipotético e
exagerado para elucidar acerca do possível rumo que se toma.
PT / 2016
proposta de instalação para o concurso Alumia : há luz no centro histórico, na Rua da Vitória, Porto.
em colaboração com Mariana Marques da Silva
/
installation proposal for the Alumia contest: there is light in the historic center, at Rua da Vitória, Oporto.
in collaboration with Mariana Marques da Silva
E se em todas as ruas históricas nascessem letreiros de convite
à estadia efémera; se todos os edifícios históricos se tornassem exclusividade turística?
Entre "progressista" e "prejudicial", o polémico turismo balanceia-se nas opiniões sociais. Se, por um lado, o turismo oferece
novas oportunidades de trabalho, desenvolve diversos serviços como o da restauração e lazer, e promove a transformação
urbana; por outro, se não for desenvolvido comedidamente, poderá implicar uma perda de identidade, fomentar a
reabilitação dos edifícios sem a preocupação de se preservar o património e resultar no aumento do custo de vida, e assim
na incapacidade económica para usufruir dos centros históricos por parte dos autóctones, e na sua segregação.
Sob alegação da
requalificação e reabilitação do centro histórico degradado, do low cost ao luxo, a arquitectura serve este fenómeno silencioso
que se alimenta da alteração das dinâmicas locais para fins lúdicos e económicos, num processo de turistificação.
Contudo, não se deve defender nenhum dos pontos extremos, tal como diz o geógrafo Álvaro Domingues, "não podemos embarcar na sacralização do património nem nas teses neoliberais em que vale tudo".
Como forma de manifesto, apela-se à sensibilização para a contraproducente relação entre a vontade de expor ao visitante o tradicional, acomodando-o in situ, e a desvirtualização do local que se pretendia mostrar. Para tal, propôs-se a encenação da extremidade para a qual se teme encaminhar. Simula-se uma caricatura do
anseio de tornar atractiva uma rua habitada por moradores da região que correm o risco de ser substituídos por população de
estadia temporária.
Manifesta-se a defesa do direito colectivo à cidade e põe-se em questão a artificiosa intervenção que substitui moradores por prestadores de serviço, que privilegia o efémero.
Os letreiros formalizados em fita led de cores vibrantes são figuração do exotismo do convite ao entretenimento e plastificação que esta intervenção comporta. Luzes que causam desconforto, nos bombardeiam e revelam com controvérsia o que não se deve esquecer. Ilumina-se uma situação, cria-se um ambiente hipotético e
exagerado para elucidar acerca do possível rumo que se toma.


© Mafalda Salgueiro 2021